O aspeto vital para manter um hábito é a sensação de sucesso – mesmo que mínimo.
A sensação de sucesso é um sinal de que o hábito compensou e de que o esforço valeu a pena.
Queremos que a conclusão do hábito seja gratificante. A melhor abordagem é usar um reforço – ou seja, o processo de recorrer a uma recompensa imediata para aumentar a frequência de um dado comportamento.
O funcionamento é em todo similar à associação de hábitos que falámos anteriormente, onde ligamos o hábito a um estímulo imediato (um hábito já existente), que torna evidente quando devemos começar o hábito que queremos criar. O reforço liga esse hábito a uma recompensa imediata, o que proporciona gratificação quando acabamos.
A solução para criar um reforço e uma recompensa imediata, é tornar visível aquilo que estamos a evitar.
Imagina que queres adquirir hábitos de vida saudável e neste momento estás a colocar um grande esforço para deixar de comer fast food e beber refrigerantes.
Sempre que não compras esses produtos, coloca de imediato essa quantia numa conta ou coloca o dinheiro num mealheiro. Torna visível o teu esforço e imagina já a tua recompensa.
A recompensa imediata de ver a tua poupança e de imaginar aquilo que ela se vai transformar, é muito melhor do que os momentos de privação.
Agora imagina essa poupança ser aplicada para comprar um novo equipamento ou para a mensalidade do ginásio, estás a recolher uma recompensa por um esforço e ao mesmo tempo a traduzi-la num comportamento que ainda ajuda à construção dos teus hábitos de vida saudável. Um verdadeiro 2 em 1!
Aqui o importante é tornar visível algo que não estamos a fazer, é traduzir um determinado esforço em algo gratificante e recompensador no imediato.
Tendo apenas em atenção e cuidado, que esse reforço e recompensa deve estar alinhado com os hábitos e a identidade que queremos criar.
Recompensares ir ao ginásio cinco vezes por semana com duas refeições de fast food, acaba por ser incongruente com os hábitos de vida saudável que queres criar.
Quando a recompensa a curto prazo fica alinhada com a visão a longo prazo, fica muito mais gratificante e apetecível ter os comportamentos que irão alimentar a construção dos nossos hábitos.
À medida que se forem instalando recompensas intrínsecas, como boa disposição, mais energia e menos stress, diminuirá a preocupação com a busca da recompensa secundária.
A própria identidade torna-se o agente do reforço. Estás a fazer uma coisa, porque é assim que somos e porque sabe bem ser assim. Quanto mais um hábito passar a pertencer à nossa vida, menos necessário é o encorajamento externo para o manter.
Estes incentivos serão fundamentais para começar um hábito. A criação e o reforço da nova identidade irão manter esse hábito.
Obviamente que isto leva o seu tempo, é necessário acumular várias ações, vários comportamentos a favor da identidade que queremos construir, até que de facto ela esteja criada e se manifeste de forma evidente através dos nossos hábitos. O que este reforço, esta recompensa imediata ajuda, é a manter a motivação a curto prazo enquanto aguardamos pela chegada das derradeiras recompensas a longo prazo.
É por isso que é fundamental que te recompenses já ou desistirás mais tarde.
Se não formos capazes de tornar gratificante e agradável a longa caminhada que temos de fazer rumo à mudança dos nossos hábitos, o mais certo é que pelo caminho acabemos por perder a vontade, a motivação e aos poucos, aquele desejo atrativo de querer mudar vai desaparecendo.
E quando o desejo desaparece, desaparece com ele, a antecipação de todos os benefícios que este hábito nos vai trazer. E consequentemente, a construção da nova identidade que queremos para nós será abandonada.
Em resumo, um hábito tem de ser agradável e gratificante para durar. É como a nossa vida, não podemos ficar demasiado preocupados com ela, que esquecemos de vivê-la.
Todos nós sabemos à partida quais os benefícios que aquele hábito nos pode trazer, somos capazes de antecipar a melhoria que ele representará na nossa qualidade de vida.
O fundamental para sermos capazes de completar o ciclo do hábito, é darmos já pequenas recompensas e reforços a favor da identidade que queremos construir.
Sermos capazes de proporcionar o prazer imediato que necessitamos para desfrutar de um hábito. Ser consistentemente recompensado pelos comportamentos que contribuem para a criação de um hábito e que no final representarão a derradeira recompensa, é de facto a gratificação necessária que nos impede de desistir e assegura que fazemos o que é preciso para termos aquilo que queremos.
Porque mudar é muito mais fácil quando a mudança é agradável e recompensadora.