O que são hábitos?

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Os nossos hábitos funcionam como soluções práticas e comprovadas, em que podemos confiar, para resolver problemas persistentes no nosso dia a dia. Sempre que adotamos um determinado comportamento de forma a resolver um determinado problema, no nosso cérebro é criado um atalho mental, que a nossa mente aprendeu para solucionar aquele problema. Cria-se uma associação entre solução vs problema, que sempre que se verifica o mesmo problema, é despoletado o comportamento que gera a solução.

Por outro lado, os nossos hábitos funcionam como se fossem juros compostos do nosso aperfeiçoamento. É através dos nossos hábitos que podemos aperfeiçoar quem somos e para isso basta focarmo-nos no nosso comportamento. E à medida que aperfeiçoamos os nossos comportamentos, melhoramos os nossos hábitos e acrescentamos ainda mais valor ao muito valor que a identidade – pessoa que somos – já tem. Melhorar os hábitos é potenciar o nosso próprio valor interno.

Todo o comportamento dita um hábito

Nenhum hábito consegue nascer sem a repetição de um determinado comportamento. E é por isso que podemos dar como definição de hábito, o comportamento que repetimos o número necessário de vezes até que ele se torne automático, isto é, que o façamos de forma inconsciente, sem ter de pensar nele.

Podemos então dizer que todo o comportamento dita um hábito, pois se o hábito representasse uma árvore da qual colhemos os nossos frutos da prosperidade, o comportamento é a semente que fomos cuidando para que dali se gerasse uma árvore. Não existem hábitos sem comportamentos, mas nem todos os comportamentos se transformam em hábitos, porque o que conta realmente é a frequência com que repetimos esse comportamento.

Se olharmos especificamente para o comportamento podemos definir duas leis universais:

  1. Todo o comportamento que é imediatamente recompensado, é repetido. Por isso é fundamental associarmos uma recompensa aos nossos comportamentos, até porque, se a repetição é a mãe de todas as competências, se associarmos à repetição uma recompensa, o nosso foco e o significado que damos àquele comportamento muda por completo, passa a ser algo prioritário para nós.
  2. Todo o comportamento que é imediatamente punido, é evitado. Ninguém quer repetir aquilo que sabe que não produz resultado e ao qual podemos atribuir um significado menos positivo.

Em suma, os comportamentos com consequências satisfatórias tendem a ser repetidos e é menos provável que sejam repetidos os que produzem consequências desagradáveis.

O que são hábitos?

Por que o cérebro cria hábitos?

Como vimos, um hábito é um comportamento repetido, o número suficiente de vezes para se tornar automático. Podemos dizer que a formação de um hábito começa pela experiência e pelo erro, alimentados pela repetição.

Quando temos uma determinada experiência e nos sentimos bem, vamos pensar no que fizemos para que aquilo acontecesse, logo vamos tender a repetir aquele comportamento.

Se por outro lado, a nossa experiência não foi agradável, isso vai fazer com que não queiramos passar novamente por aquela experiência, o que se traduz em evitar repetir aquele padrão de comportamento.

No fundo, os hábitos funcionam através de um ciclo de resposta que é a origem de um determinado comportamento e que consiste em: fazer, falhar, aprender e fazer novamente. Com a prática e a experiência adquiridas, as ações inúteis desvanecem-se e as úteis ganham maior importância. Os comportamentos punidos são evitados e os comportamentos recompensados são repetidos. E é desta forma que um hábito se começa a formar.

Um dos maiores cientistas na área do comportamento, Jason Hreha, tem uma frase que ilustra muito bem o que são os nossos hábitos:

“Os hábitos não são mais do que soluções em que podemos confiar para problemas persistentes no nosso ambiente”.

E o que quer isto dizer? No fundo, estes atalhos mentais podem ser criados automaticamente sempre que surja a situação apropriada para isso. Talvez tenha havido um dia em que estávamos stressados e fomos correr, ou fomos para casa descansar e ver uma série na Netflix. Em ambos os casos, o que aconteceu foi uma escolha, um determinado comportamento, que antes exigia um esforço e que agora foi ligado a um estímulo, a um problema frequente e tornou-se a solução automática para o resolver. E desta forma este comportamento ditou a criação de um novo hábito.

Podemos dizer que os hábitos são atalhos mentais aprendidos com a experiência. Dessa forma, um hábito é uma memória dos passos que demos anteriormente no sentido de resolver um problema. É como que uma instrução no nosso cérebro para executar os mesmos comandos para resolver os mesmos problemas.

Muitas vezes quando falamos em criar hábitos e rotinas, existe a ideia formada de que tem de ser algo muito rígido e fixo, que não permite qualquer tipo de flexibilidade e de mudança, e isso não está totalmente certo. Se os hábitos acabam por ser atalhos mentais que representam soluções para problemas persistentes, basta pensar que o momento em que esses problemas podem surgir é altamente incerto e imprevisível, pelo que podemos ter uma rotina bastante automatizada para facilitar a nossa vida e simultaneamente manter uma flexibilidade que nos permita fazer as alterações que são necessárias para melhorar a nossa vida.

Existe por vezes a ilusão que é necessário escolher entre hábitos ou a liberdade. Que quem tem uma rotina mais otimizada acaba por perder a sua liberdade.

Na verdade, os dois complementam-se e um alimenta o outro. Os hábitos não restringem a liberdade, eles permitem criá-la. Até porque se pensarmos bem, as pessoas que não têm os seus hábitos em ordem, são na maior parte das vezes aquelas que acabam por ter menos liberdade, que acabam por ser quase escravos ao invés de serem donos, do seu próprio tempo. Quando não temos a nossa própria agenda organizada, acabamos por estar dependentes da agenda dos outros. E isso retira-nos a liberdade, sob todas as suas formas: temporal, financeira, pessoal e profissional, de tomarmos as nossas próprias decisões e escolhermos as melhores opções.

Em suma, a melhoria dos nossos hábitos é diretamente proporcional à expansão da nossa própria liberdade. E ao sermos mais livres, também teremos maior flexibilidade para os nossos comportamentos e para a atualização dos nossos hábitos.