O Poder do Grupo de Influência

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O ambiente influencia de forma ativa e positiva ou negativa os nossos hábitos, não me refiro só ao ambiente a nível físico e dos objetos com que interagimos. Existe um outro ambiente que nos influencia ainda mais… O ambiente à nossa volta, isto é, o nosso grupo de influência e as pessoas com que contactamos diariamente.

Já todos nós ouvimos aquela célebre frase daquele que foi um grande empreendedor e orador, Jim Rohn:

“Tu és a média das cinco pessoas com quem mais convives”.

O ambiente em que vivemos afeta o que somos. O conjunto de características do grupo em que estamos inseridos influencia a maneira como nos comportamos como pessoas e naquilo em que nos tornamos no futuro. 

Como observou Charles Darwin: “na longa história da humanidade, têm prevalecido os que aprenderam a colaborar e a improvisar com mais eficácia”. De resto, quando olhamos para a história da humanidade e como conseguimos evoluir, está patente a nossa necessidade de colaboração, de fazer parte de um grupo. Isso, consequentemente, gerou em nós um dos mais profundos desejos do ser humano, que é o de fazer parte.

Sentir-se amado e integrado num grupo.

E esta nossa necessidade que está intrínseca em nós há muitos e muitos anos, tem uma influência poderosa no nosso comportamento humano.

Quando pensamos da forma como as pessoas que estão à nossa volta nos podem influenciar, entendemos que isso tem um enorme poder acerca daquilo em que acreditamos e nos hábitos que desenvolvemos. Basta pensarmos que o facto de quem nasceu em Portugal, tem logo um conjunto de valores e hábitos inerentes à cultura totalmente distintos de alguém que tenha nascido exatamente no mesmo dia, mas noutra parte do mundo. Há um conjunto de hábitos que vamos tendo sem ter consciência de onde eles vieram e isso deve-se ao facto de muitos deles nós não os termos escolhido. Mas se então não os escolhemos, porque temos determinados hábitos?

Quando somos bebés e mesmo em crianças, ainda não temos consciência, não temos os processos mentais desenvolvidos para saber o que escolher e tomar decisões. Somos criaturas verdadeiramente dependentes e essa é a razão pela qual nós não escolhemos os nossos primeiros hábitos, nós imitamo-los. Vemos alguém ter determinado comportamento, achamos giro e curioso e começamos a imitar. Ou seja, os nossos primeiros hábitos vêm daquilo que vemos e começamos a repetir e a imitar.

Como escreveu o filósofo francês Michel de Montagine:

“Somos arrastados pelos costumes e práticas da vida em sociedade”.

Por isso quando somos pequenos e vemos os nossos pais, familiares ou pessoas próximas a ter determinados comportamentos ou hábitos, acabam por ser esses que em primeira instância ficam integrados na nossa identidade. 

Depois, à medida que vamos crescendo, vão existindo uma série de influências à nossa volta, quer da cultura, quer da sociedade, que são veiculadas pelas pessoas com quem contactamos e nos são próximas. Por outro lado, existem depois outros comportamentos que vamos adotando devido àquilo que as nossas referências, os nossos modelos fazem. Quem nunca foi miúdo e começou a imitar os gestos do seu herói? Como os miúdos que hoje em dia jogam futebol e que querem ser o próximo Cristiano Ronaldo.

Existem referências incontornáveis que nos marcam e moldam características do nosso comportamento.

Ainda hoje um dos meus maiores exemplos, é o Ayrton Senna. E muito daquilo que era a sua filosofia de vida, dos seus comportamentos e valores, acabaram por passar para a pessoa que sou hoje.

Quando imitamos os hábitos de outras pessoas, quando recebemos direta influência sobre aquilo que são os nossos hábitos, existem três grupos em particular que nos influenciam:

  1. Os próximos
  2. Os muitos
  3. As referências

1. Imitar os próximos

A influência deste grupo é a mais simples de entender, porque as pessoas que nos são mais próximas e com quem contactamos mais, são as nossas primeiras fontes de hábitos que podemos ver e repetir. Nós “apanhamos” hábitos das pessoas que estão à nossa volta. E dentro do nosso ciclo de crescimento, naturalmente que, as primeiras pessoas que vamos imitar são as que nos são próximas, que normalmente incluem a família e os nossos amigos.

Se numa primeira fase, a influência das pessoas que nos são próximas passa por imitarmos a forma como interagem com as pessoas, os seus hábitos alimentares, os hábitos matinais ou os hábitos noturnos, depois o papel do grupo dos que nos são próximos, muitas vezes funciona também como o apoio e o suporte que precisamos para criar novos hábitos.

É verdade que em alguns casos, devido aos fatores da cultura e da sociedade, os nossos pares, amigos e família, podem exercer de certa forma uma espécie de pressão sobre nós para irmos noutra direção. Mas essa pressão pode ser muito bem o compromisso que necessitamos para mudarmos os nossos hábitos, basta assegurar que essa influência é positiva e a que mais precisamos para iniciar novos hábitos.

Regra geral, quanto mais próximos estamos de alguém, mais provável é que acabemos por imitar alguns dos seus hábitos. Quase como que por contágio, tendemos a mudar alguns dos nossos comportamentos para manter a proximidade e a nossa dinâmica de grupo com quem nos é próximo.

É por isso que continuar a pertencer a um grupo depois de se alcançar um objetivo é crucial para mantermos os nossos hábitos, especialmente se essas pessoas nos forem próximas. Porque a amizade e o espírito de comunidade ajudarão a dar corpo a uma nova identidade e ajudarão os comportamentos a manterem-se sustentáveis a longo prazo. 

Portanto, podemos dizer que hábitos lendários são diretamente proporcionais às pessoas lendárias que tens à tua volta e que te são próximas.

2. Imitar os muitos

Os seres humanos são semelhantes em muitos aspectos. Apesar das características distintivas de cultura, religião, género, política, entre muitas outras, existem necessidades, desejos, direitos e deveres que são iguais e inerentes ao ser humano. Como tal, existe uma tremenda pressão interior para respeitarmos as normas do grupo. Acima de tudo, queremos sentirmo-nos parte de um grupo, não queremos ser o estranho que fica de fora, não queremos ser a ovelha negra do rebanho.

Muitas das vezes esta necessidade de pertencer ao grupo, cria aquilo a que chamamos, literalmente, o efeito manada. Onde alguém dá início a determinada ação ou a determinado comportamento e todos vão atrás. Mais tarde irá existir um momento em que ninguém sabe o porquê de estar a fazer aquilo, apenas sabe que o tem de fazer pois toda a gente o está a fazer.

Existem muitos exemplos hoje em dia. Muitos de nós não querem ser o infoexcluído e antissocial que não está nas redes sociais, a única pessoa que ainda não viu aquela série da Netflix ou na altura de pandemia ser o único que não foi comprar papel higiénico. 

Se pensares bem neste fenómeno que houve com o papel higiénico durante a pandemia, vais entender o efeito de imitar os muitos e do efeito manada. Será o papel higiénico um bem mesmo essencial? Alguém coloca em causa a sua sobrevivência sem papel higiénico? Então porque razão a maioria foi a correr aos supermercados comprá-lo? Ninguém tem uma explicação 100% certa, mas a verdade é que foi o efeito manada a funcionar em pleno!

A razão porque tendemos a imitar o comportamento da maioria, é que a recompensa de ser aceite é muitas vezes maior que a recompensa de ganhar uma discussão, de parecer inteligente ou de descobrir a verdade. 

Ir contra a nossa cultura ou sociedade exige muito trabalho. Mesmo quando estamos certos, muitas vezes ir contra aquilo que a maioria faz, é quase como se estivessemos a remar contra a maré. E é por isso que para todos nós é intrinsecamente mais fácil seguir o efeito manada e imitar os muitos.

3. Imitar as referências

Até para reforçar o que falámos no ponto anterior e sermos vistos como elementos importantes num grupo, somos levados a ter comportamentos que nos trazem respeito, aprovação, admiração e estatuto. 

E uma das melhores formas de perceber como alcançar tudo isso, é imitando aqueles que para nós são as nossas referências, o exemplo ou o modelo daquilo que devemos seguir. São as pessoas que para nós têm mais sucesso e são mais poderosas e como tal servem para nós como referências daquilo que devemos imitar, dos comportamentos que devemos ter para alcançar a mesma identidade de sucesso que essas pessoas têm.

Esta é a principal razão porque todos nós seguimos pessoas de sucesso e damos tanta atenção aos hábitos dessas pessoas. Porque na realidade, o que queremos é copiar o comportamento de pessoas com êxito porque também o desejamos para nós.

No final de contas, qual a melhor forma de aprender algo senão com a pessoa que, não só tem o conhecimento, como também tem já toda a experiência de ter vivido o processo? Se alguém demorou 20 anos a aperfeiçoar determinado hábito, a dominar determinada prática e a colocou num livro, porque não pouparmos o trabalho de 20 anos de tentativa e erro e aprender com quem condensou todo aquele conhecimento num conjunto de páginas que podemos ler? 

Aprender com os melhores, imitar as referências é uma excelente estratégia para acelerarmos a criação de hábitos lendários, não por apressar ou acelerar o tempo da implementação de hábitos, mas por evitar ao máximo que cometamos determinados erros que outros já cometeram antes.

Cultura de Influência

Em suma, se queremos mudar o nosso comportamento, uma das melhores formas é aderirmos a uma cultura onde esse comportamento é já o comportamento normal. Até porque a cultura onde nos inserimos é aquilo que fixa a nossa expectativa relativamente à “normalidade” de um comportamento.

Se queremos ter determinados hábitos devemos rodear-nos de pessoas que já têm esses hábitos. E para elevar a fasquia e a eficácia desta estratégia, podemos acrescentar algo mais.

Para além de aderirmos a um grupo, a uma cultura, onde o comportamento que desejamos ter ser o comportamento padrão, devemos aderir a um grupo com o qual já temos coisas em comum. Pois isso torna mais fácil a adesão ao grupo e a imitação do novo comportamento. O que é mais agradável, estar num grupo que nos ajuda a ter um novo comportamento e que ainda temos coisas em comum e que se pode tornar no nosso grupo de influência? Ou estar num grupo onde não nos sentimos integrados e onde estamos só para imitar um comportamento? 

Fazendo uma analogia com os grupos que falámos, é como se entrássemos no grupo das referências e devido às coisas que temos em comum, passado pouco tempo esse grupo se transformasse num grupo de pessoas próximas. Quando isso acontece podemos esperar resultados verdadeiramente lendários!