O perdão não é para a outra pessoa, o perdão é para ti!
Este é um tema muito forte.
Hoje para mim, é relativamente fácil perdoar e também é relativamente fácil pedir desculpa.
E curiosamente, no meu passado eu não conseguia pedir desculpa e também não conseguia perdoar por 2 motivos:
Raiva e culpa.
No passado, na minha cabeça, pedir desculpa a alguém significava que eu estava errado. Se significava que eu estava errado, significava que eu tinha feito algo errado. Isso fazia-me sentir culpado. E ao sentir-me culpado, provocava-me dor.
Por isso, eu nunca pedia desculpa.
Eu até admitia que tinha feito alguma coisa, mas justificava:
“Sim, eu fiz isto, por causa disto e daquilo…”.
Ou seja, eu procurava um motivo para justificar a falha ou o erro que eu tinha cometido por causa do ego. E o nosso ego quer sempre ter razão.
A primeira coisa que precisas de ter consciência, é que perdoar ou pedir desculpa, não tem nada a ver com razão.
Na verdade, precisas abrir mão da razão, da tua necessidade de teres razão, para pedires desculpa ou perdoar.
Muitas vezes o que eu ouço é:
“Jorge, mas como vou perdoar se a outra pessoa me fez isto?”
É como se ao perdoares a tal pessoa, te fizesse perder a razão.
Não!
Perdoar ou pedir desculpa não tem nada a ver com a outra pessoa ter razão e tu estares errado!
O perdão, especificamente, tem a ver com libertação, com tu te libertares da dor que um evento ou uma situação te está a causar. Não tem nada a ver com a pessoa estar certa por aquilo que ela fez.
Perdão tem a ver com o desapego, com a essência.
Há muitas pessoas que pensam que o perdão e a desculpa é para os fracos.
Pedir desculpa é um sinal de vulnerabilidade, e ao ser um sinal de vulnerabilidade, é também um sinal de coragem.
Porque é preciso termos coragem para olharmos para o nosso erro e assumir que naquele momento o ego teve mais força, e não a essência de quem somos. Quantas vezes isto já me aconteceu? Eu agir numa perspectiva de ego, não agir numa perspectiva de essência, apenas por querer ter razão.
E quando isso acontece, normalmente, existe um resultado negativo.
Quando nós fazemos algo apenas por querer ter razão, apenas porque queremos provar algo a nós próprios ou aos outros, isso tem a ver com o ego.
O ego é que tem necessidade de ter razão.
O espírito, a essência, aquilo que tu és verdadeiramente, a tua identidade, não tem necessidade de ter razão.
Se tu agires baseado na tua essência, tu não vais procurar o certo ou o errado, tu não vais procurar ter razão, tu não vais procurar ganhar. Porque tu sabes aquilo que tu és e não precisas provar nada a ninguém.
Então, pedir desculpa é um ato de coragem, e apenas os fortes o conseguem fazer.
Dizer: “Eu errei, eu hoje, agora, olhando para trás, vejo que tive um comportamento errado, e quero-te pedir desculpa e quero que saibas que não teve a ver contigo, teve a ver comigo.”
Quando tu procuras justificar uma ação tua, baseado num comportamento que a outra pessoa teve, estás a agir baseado no teu ego.
E atenção! Todos nós fazemos isto!
É natural. O teu ego existe para te proteger, e na ilusão do ego, quando tu não estás certo, significa que tu estás errado.
Na visão do ego, existe o certo e o errado, existe uma visão binária, ou estás certo ou estás errado.
Na visão da tua essência, da tua identidade, daquilo que tu és, quando tu tens consciência do teu verdadeiro valor, tu sabes que tu não és aquilo que fizeste. O erro, a falha, faz parte da nossa condição de sermos humanos. Isso faz parte de uma coisa importante que se chama vida.
Só que o ego não te deixa aceitar isto, porque ele está lá para te defender e proteger. Na visão do ego, pedir desculpa significa que estás errado, e ao estares errado, significa que tu não és bom o suficiente, se fosses, estavas sempre certo.
Isto está diretamente ligado aos dois maiores medos do ser humano: o medo de não ser suficientemente bom e o medo de não ser amado. Porque se eu for suficientemente bom, eu vou ser amado, e se eu não for suficientemente bom, eu não vou ser amado.
Vou-te deixar aqui 3 missões.
A primeira é:
A quem é que tu precisas pedir desculpa? Atenção: pede desculpa de forma genuína.
E se a pessoa a quem precisas de pedir desculpa, já não se encontra no plano material, pede da mesma forma em oração.
Mas pede desculpa sem a perspectiva de receberes algo em troca.
Muitas vezes pedimos desculpa e esperamos receber algo em troca. Se calhar, a pessoa vai dizer que ela tinha razão. Tudo bem, é o ego dela a falar. Deixa o ego dela falar.
A primeira vez que eu fiz este exercício, curiosamente, a primeira pessoa a quem eu pedi desculpa foi a mim próprio, por tudo aquilo que eu tinha feito a mim mesmo nos últimos anos.
Portanto, pode ser que a pessoa a quem precisas de pedir desculpa, seja a ti próprio.
Pedir desculpa é abrires mão da culpa e agarrares a compaixão.
Lembra-te que pedir desculpa não tem a ver com estares certo ou errado. Pedir desculpa não tem a ver com quem tu és. Significa apenas que cometeste um erro. “Estar” errado tem a ver com o ser, com a tua identidade. Cometer um erro tem a ver com fazer, com um comportamento.
A libertação através do perdão vai abrir espaço para o teu merecimento. Isto vai permitir criares o teu merecimento.
Porque não perdoar, é como se tivesses uma parte em ti que diz: “É por isso que não mereces”.
Pedir desculpa está ligado diretamente com a tua capacidade de perdoar. E perdoar tem a ver com a tua capacidade de desapegar, deixar ir. Deixar ir uma dor que já não te serve mais.
Há uma dor que deve ser vivida, que é a dor do crescimento. As outras não.
E deixar ir é treino. Da mesma forma que estás treinado a agarrar a dor do sofrimento, podes treinar deixá-la ir. E a dor do sofrimento é causada pelo não perdão.
E tu agora dizes:
“Como é que eu consigo perdoar alguém que me fez tanto mal?”
Tu não estás a perdoar aquela pessoa por te ter feito tanto mal. Tu estás a libertar-te a ti da dor deste mal que ela te fez.
O perdão não é para a outra pessoa, o perdão é para ti.
Enquanto estiveres agarrado à razão, é o teu ego a falar. E o ego não te permite perdoar.
Precisas de abrir mão da tua necessidade de teres razão.
A tua essência é aquela que sabe que talvez a outra pessoa até pudesse ter feito o que foi feito. Mas naquele momento, ela fez o melhor que ela sabia fazer.
Perdoar não significa que tu concordes com o que a outra pessoa fez. Perdoar não significa afirmar que a outra pessoa está certa.
Perdoar não é fácil, mas é uma questão de disciplina espiritual. E como na disciplina física, o perdão também é uma questão de treino. De treinares comprometer-te com a tua essência.
Se estiveres na tua essência, no espírito, e não no ego, o perdão é natural.
E quando tu perdoas alguém, tu não tens que te manter em contato com essa pessoa.
A segunda missão que te quero deixar é:
A quem é que tu precisas de perdoar? Quem é que tu até hoje culpaste por algo, que tu precisas de perdoar?
A terceira missão é refletir:
O que mereces?
Um relacionamento, um carro, um corpo, a vida… O que tu mereces?
Define para ti! Decide acreditar que vais conseguir!
Começa já hoje!
Ao fazer estes exercícios, tu vais abrir caminho para o teu merecimento!
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