Existem emoções negativas ou positivas?
O tema das emoções é um tema verdadeiramente importante, e provavelmente não é a primeira vez que falo sobre isso.
Costumamos olhar para as emoções de duas formas:
- Como uma força motor, aquilo que nos direciona e nos faz entrar em ação de forma a que consigamos entregar e criar o melhor de nós.
- Como um limitador.
Quando pensamos em felicidade, a felicidade está ligada à realização, que por sua vez está ligada ao sucesso – o que quer que sucesso signifique para cada um de nós. E quando olhamos para este ciclo, o que nos leva ao sucesso, são os nossos resultados.
E é aqui que as emoções aparecem, pois para termos sucesso, temos que ter ação, pois não há nada que possa ser concretizado sem ação.
E são as nossas emoções que nos colocam em ação. Tudo aquilo que nós fazemos tem por detrás uma emoção.
Existem pessoas que se consideram mais racionais e existem pessoas que se consideram mais emocionais.
Onde te colocas? Do lado da razão ou do lado da emoção?
Independentemente de onde te vês, aquilo que nos vai colocar em ação, são as nossas emoções.
Quando falo em Alta Performance, falo sempre sobre os 5 pilares que a sustentam:
FOCO – COMPROMISSO – DISCIPLINA – CONSISTÊNCIA – DETERMINAÇÃO.
Se puderes ser um mestre em dois desses pilares, escolhe o foco e a disciplina.
Sem dúvida nenhuma, o Foco é aquilo que te vai dar a clareza do que é importante em termos de objetivos, decisões e ações, ou seja, o que é verdadeiramente importante para ti.
Já a Disciplina, é fazer aquilo que precisa de ser feito, independentemente de qualquer coisa.
Os outros três pilares estão ligados a estes dois.
A Consistência é a repetição, e ela advém da disciplina. É impossível alguém ser consistente sem antes ser disciplinado. E ao criares a disciplina, desenvolves a Determinação, pois a determinação vai-te alimentar na concretização dos teus objetivos.
Por detrás do foco e da disciplina, estão as emoções, pois a forma como vais utilizar as tuas emoções é que vai determinar o teu foco e a tua disciplina.
Muitas pessoas pensam que a emoção é algo que se controla. E cada vez mais eu acredito que a nossas emoções são como o mar: estão sempre em movimento. E é impossível controlar esse movimento. O que nós conseguimos fazer, é regular as nossas emoções para elas trabalharem a nosso favor.
Se olharmos para as ações como consequência das nossas emoções, as emoções são um painel de controlo, é aquilo que nos dá informação sobre algo.
Para seres focado e disciplinado, terás de lidar com as emoções negativas, ou melhor, terás de saber lidar com as emoções negativas a teu favor.
Mais do que o conhecimento de como fazer, e do treino, é tu teres a consciência de que o teu foco e a tua disciplina vão ser aplicados na medida da tua regulação emocional.
Para regular as emoções, precisamos falar sobre a ferramenta de ESTADO:
FOCO – LINGUAGEM – FISIOLOGIA.
Ou seja, a tua fisiologia, a maneira como utilizas o teu corpo, a linguagem, aquilo que estás a pensar, e o teu foco, em que estás a colocar a tua atenção. Sendo que isto é uma tríade, e um componente influencia diretamente o outro. E é o nosso estado que determina as nossas emoções.
Da mesma forma que a Tríade do MENTO também determina as nossas emoções – PENSAMENTO – SENTIMENTO – COMPORTAMENTO.
Ao olharmos para as nossas emoções dessa forma, as emoções não são mais do que um indicador sobre algo externo.
O significado que atribuímos a um evento é que vai determinar uma emoção, que por sua vez vai determinar a ação.
Por isso é que eu digo que é impossível alguém estar focado e disciplinado o tempo todo. Porque vão existir situações em que vais falhar. E é ai que a regulação das tuas emoções será posta à prova.
Antigamente eu pensava que foco e disciplina era um estado que, quando atingido, era permanente, e quem estivesse nesse estado, nunca errava.
Isso é uma ilusão.
Quando erramos, existe um estado emocional negativo. E se não estiveres atento à regulação das tuas emoções, vais rapidamente perder o foco e a disciplina, pois vais perder a clareza do que é verdadeiramente importante.
Então, para teres controlo emocional, tens que ter a capacidade de entrares em estado negativo e automaticamente, voltares para o teu estado de maior recursos, e fazer o que tem que ser feito, o que é verdadeiramente importante.
Quando algo acontece que não controlas, e entras num estado emocional negativo, colocas em causa tudo o que fizeste para atingir o teu objetivo. Pensas que tiveste foco, disciplina… e nesse momento vêm as emoções….
Vem o medo, a frustração, a desilusão, a culpa, a raiva…
E se olhares para ti, para algo que tenha acontecido ultimamente, vais ver que viveste todas essas emoções.
Quando acontece algo que te tira o foco e a disciplina, vão ser as tuas emoções o fator diferencial de voltares a ter a clareza do que é verdadeiramente importante para ti.
Começa a olhar para as tuas emoções como algo que podes sempre utilizar a teu favor, independentemente da situação, independentemente das emoções que estás a sentir.
E como usar o medo, a frustração, a desilusão, a raiva e a culpa a teu favor?
Entendendo que as emoções são como um painel de bordo. Uma emoção é uma indicação para uma ação.
Muitas vezes, o que ocorre é que interpretas mal o sinal que recebes.
Imagina que vais a conduzir, acende-se a luz do combustível e decides acelerar a fundo. O que vai acontecer é que ficarás sem combustivel e o carro vai parar. Se isso acontecer, não podes culpar o indicador de que o carro parou, porque ficaste sem combustível.
Muitos de nós recebemos uma indicação de uma emoção e continuamos a fazer o oposto do que essa indicação nos diz.
Ou pior. Muitas vezes não queremos sentir a emoção.
O medo é muitas vezes a emoção a que atribuímos a responsabilidade de não entrarmos em ação.
A indicação que o medo nos dá é: “coloca-te em ação!”
A primeira coisa que precisas de fazer é focar-te no presente, pois quando sentimos medo colocamo-nos no futuro. Para saberes interpretar o medo, tens que estar no agora para conseguir fazer algo com essa informação, como um sinal de preparação para o que pode vir a acontecer no futuro.
Enquanto não aceitares o medo, não conseguirás lidar com ele.
Aquilo que resiste, persiste.
Deves pensar no que é preciso desenvolver para entrares em ação.
Normalmente quando entramos em ação, a ação vai-te levar a atingir o teu resultado. Ou a tua ação não vai gerar o resultado, ou a tua ação não te está a levar ao resultado.
Pode haver um momento em que identifcas que já não é possível alcançar aquele objetivo ou pode haver um momento em que ainda acreditas que é possível atingir aquele objetivo.
E é aqui que precisas saber usar a frustração ou a desilusão a teu favor.
Só te vais sentir frustrado ou desiludido, quando a ação que estás a tomar não te está a levar ao resultado. Ou quando não estás em ação e sabes que devias estar. É aí que surge a frustração e a desilusão.
E estas são duas emoções essenciais para quem quer concretizar algo. É impossível estares em ação e não ter um momento em que não vais sentir frustração ou desilusão.
O que precisas entender é que essas emoções estão lá para te servir.
A frustração tem a função de te levar à consciência de que o que estás a fazer não está a resultar, e que precisas de mudar a estratégia, o plano, pois esse caminho não te está a levar ao objetivo.
Já a desilusão surge quando estás muito focado, muito disciplinado e algo acontece que te impede de atingir o objetivo, e nesse momento pensas em desisitir.
A desilusão leva-nos a avaliar se o objetivo é importante, se vale a pena.
O sinal da desilusão é para ajustares o objetivo.
Enquanto a frustração e a desilusão tem a ver com o futuro, a raiva e a culpa tem a ver com o passado, com algo que aconteceu.
A raiva e a culpa tem a ver com um resultado que esperavas que acontecesse e não aconteceu.
A culpa normalmente tem a ver com um erro ou uma falha executada por ti ou algo que aconteceu que não esperavas.
E a raiva deriva da frustração. Tu não mudas, continuas a fazer a mesma coisa, não obténs o resultado que queres e surge a raiva.
A raiva tem por objetivo levar-te a mudar a estratégia, mas no sentido de não permitires que o que aconteceu, aconteça de novo.
Se tu souberes utilizar a raiva, a raiva pode te dar energia.
A culpa é o contrário do medo. Enquanto o medo te coloca no futuro, a culpa coloca-te no passado. A culpa tem o propósito de olhares para trás e conseguires identificar o que aconteceu para que não aconteça mais.
Nós só mudamos quando elevamos a nossa consciência, é isso que nos faz mudar e ter outros resultados. A culpa tem essa capacidade, pois leva-te a olhar para algo que fizeste e que deves aprender para retirar a informação necessária e fazeres algo com isso.
A culpa é um sinal de aprendizagem. Para usá-la a teu favor, tens que aceitar e perdoar – a ti e aos outros.
Não queiras não sentir as emoções, desenvolve é a tua capacidade de agires mais rapidamente, no sentido de recuperares o teu foco e a tua disciplina.
Como usar as emoções ao teu favor:
1) Medo – Mensagem de preparação.
2) Frustração – Ajustar a estratégia.
3) Desilusão – Ajustar o objetivo.
4) Raiva – Mudar a estratégia para que o que aconteceu, não aconteça de novo.
5) Culpa – Sinal de aprendizagem.
E tu? Vais usar as emoções, ou vais ser usado por elas?