Quem és tu? O que vieste aqui a fazer? O que vais cá deixar?
Já abordei aqui o tema do “porquê”, da importância de ter um “porquê” forte.
Muitas vezes o “porquê” confunde-se com o propósito, e muitas vezes o “porquê” e o propósito estão interligados.
E hoje em dia existem especialistas, dentro da área do desenvolvimento pessoal, que ensinam como encontrar o propósito.
De alguma forma eu discordo da palavra “encontrar”.
Encontrar pode dar-nos a ilusão de que o propósito é algo que se vai cruzar connosco em algum momento, como se estivéssemos a caminhar na rua e encontrássemos alguém que conhecemos.
Isso cria-nos uma expetativa (errada a meu ver) que vamos dar com o propósito por aí e também nos tira a responsabilidade em defini-lo.
E é por isso que hoje vou falar sobre a diferença entre criar expetativas e ter objetivos.
Expetativa é algo em que nós, de forma consciente ou inconsciente, abrimos mão de realizar.
Vou dar-te um exemplo.
Suponhamos que eu e a Mónica combinamos ter um jantar romântico. A expetativa da Mónica é a de que vou levá-la àquele nosso restaurante preferido, e ela começa a pensar no ambiente, na música, no vinho que vamos pedir, na comida espetacular, na sobremesa…
E quando ela chega a casa eu digo: “O nosso jantar está pronto”.
Ela vê que eu preparei o jantar, pus a mesa, coloquei uma música…Mas a expetativa dela era sair para jantar e irmos ao nosso restaurante preferido. A expetativa não foi igual à realidade. E lá se foi o jantar romântico…
O que é que isto tem a ver com o propósito?
Tudo!
Muitas vezes criamos uma expetativa sobre algo, como a Mónica com o nosso jantar.
Mas o propósito do jantar era ser romântico, não era ser num lugar específico.
Independetemente do local ou do que possa acontecer, o jantar pode ser romântico, desde que eu assuma a responsabilidade e a Mónica também, para que o jantar seja de facto romântico.
Muitas vezes criamos a expetativa de que vamos criar um propósito na nossa vida e que o propósito se vai cruzar connosco.
E quando a expetativa não é igual à realidade, vai trazer-nos frustração.
O contrário também acontece: quando criamos uma expetativa que é igual à realidade, vai-nos trazer felicidade.
Mas grande parte das vezes, quando criamos uma expetativa, ela não é igual à realidade, e isso traz-nos infelicidade.
Tu não vais encontrar o teu propósito, tu vais criar o teu propósito!
Nós queremos coisas megalómanas como propósito, e se calhar, o propósito é apenas e só nos sentirmo-nos vivos, ou sentirmo-nos realizados ou sermos únicos!
Se o propósito é nos sentirmos vivos, realizados ou sermos únicos, o passo seguinte é pensar:
- Que tenho que fazer…
- Quem preciso de ser…
- Quem já sou…
… para que eu possa viver de uma forma constante a minha vivacidade, a minha realização e sentir-me único?
O meu propósito foi criado num momento de infelicidade, onde me sentia perdido.
Foi num momento onde eu não me sentia vivo, não me sentia realizado e não me sentia único.
Esse momento aconteceu em 2003, altura em que eu estava no fim de um relacionamento de 10 anos.
Com o fim desse relacionamento, surgiu uma série de sentimentos de culpa: de como foi possível eu ter deixado aquele relacionamento chegar até àquele ponto, de eu ter contribuído em grande parte para não ter dado certo, de ter criado expetativas à outra pessoa, enfim, uma série de coisas.
Para ajudar à minha insatisfação pessoal, comecei também a não me sentir realizado com o que fazia a nível profissional.
Estava ligado a uma empresa de família em que me sentia um mero espetador, não estava a a crescer.
E lembro-me da altura em que eu perdi o meu avô, que foi uma das pessoas mais importantes na minha vida. E antes de partir, o meu avô fez-me uma questão que me fez virar para o meu interior:
“Filho, estás a viver a vida que queres viver ou estás a viver a vida que os outros querem que tu vivas?”
E naquele momento, aquela pergunta foi como um murro no estômago, porque fez-me olhar para dentro, e muitas vezes nós temos a tendência de olhar para fora.
Quando nós queremos ENCONTRAR o propósito, nós olhamos para fora.
Quando nós queremos CRIAR o propósito, nós olhamos para dentro.
Faz estas perguntas a ti mesmo:
- O que é importante para mim?
- Em que é que eu acredito?
- Em que é que eu preciso de acreditar?
- Que necessidades tenho?
- O que preciso de viver com mais intensidade?
- O que preciso sentir de forma constante?
As respostas a estas perguntas estão dentro de ti.
E o meu avô, com aquela pergunta tão simples, levou-me ao meu sonho de infância, ao que eu queria ser.
O propósito está ligado ao ser, à identidade. O fazer está ligado ao comportamento, é uma consequência.
Eu queria ser médico, eu queria ajudar pessoas.
Naquela altura, quando o meu avô me fez essa questão, eu tinha 33 anos. Pensei que ia levar uns 10 anos a estudar para me tornar um especialista em determinada área. E no momento da vida em que eu estava, a minha condição financeira também não era propriamente propícia a voltar a ser um estudante.
Curiosamente, esta primeira pergunta do meu avô, levou-me a outras três perguntas.
A primeira foi:
- Quem és tu?
Não é quem os outros acham que tu és, não é quem tu deixaste de ser ao longo do tempo, é: quem tu és na tua essência?
Eu lembro-me que não consegui pensar em nada.
E tudo o que me surgia, não tinha a ver com a minha identidade, tinha a ver com o meu comportamento.
A segunda pergunta foi:
- O que vieste aqui a fazer?
E isto também tem muito a ver com o propósito. Qual o propósito que está por detrás daquilo que tu fazes.
E mais uma vez a minha resposta estava em branco, ou era ambígua ou era muito dispersa.
E a terceira e última pergunta foi:
- O que vais cá deixar?
Se morresses hoje ou amanhã, o que irias deixar cá? O que iria ser o teu legado?
Então, eu tinha três questões.
- Uma ligada à identidade, quem tu és.
- Outra a ver com o propósito, o que estás aqui a fazer.
- E a última, a ver com o legado, o que vais cá deixar.
Naquele momento, naquele dia, eu não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas.
Mas aquelas perguntas continuaram a ressoar em mim, dias, semanas, meses a fio.
Foi a insatisfação, foi a falta de resposta que me foi guiando.
Até que um dia, precisamente no dia 2 de Abril de 2007, participei no primeiro evento do Tony Robbins, o UPW, e no final desse evento eu criei o meu propósito, mesmo sem ter nenhuma consciência disso.
Porque naquele dia, eu tomei uma DECISÃO.
Eu disse: “Um dia eu vou estar ali, um dia vou estar neste palco. Foi para isto que eu nasci.”
E naquele dia eu comecei a criar o meu propósito.
E foi só no dia 30 de Agosto de 2016, quando estava em San Diego, também num evento do Tony Robbins, que me passou um filme à frente. Passados 9 anos, estava a entregar um conteúdo dentro da Leadership Academy, para a audiência do Tony, e foi aí que tive a consciência de que tinha criado o meu propósito. Eu estava efetivamente naquele palco, que 9 anos antes, eu tinha decidido estar. Naquele momento senti-me grato por tudo aquilo que eu tinha vivido, por toda a jornada até àquele momento.
Então, não tem a ver apenas com encontrar o propósito. Tem a ver com decidir e permitirmo-nos viver aquilo que por vezes acreditamos que não faz parte. Tudo aquilo que eu vivi, fez parte da construção do meu propósito.
Muitas vezes criamos a expetativa de que o propósito vai resolver a nossa vida, e na verdade, muitas vezes o propósito vai apenas complicar a nossa vida.
Porque claramente, se tivesse continuado a trabalhar na minha empresa familiar, eu estaria na minha zona de conforto. Teria o meu ordenado, que até era um bom ordenado, e estava tudo bem.
Mas será que seria eu? Será que estaria a viver aquilo que eram os meus valores? Será que estaria a viver as minhas crenças? Será que estaria a ser único?
Garantidamente que não.
Eu não estava a viver a vida que eu queria, eu estava a viver a vida que os outros queriam que eu vivesse.
E foi isso que fez com que eu decidisse criar o meu propósito.
O que quer que tu estejas a viver neste momento, feliz ou infeliz com aquilo que é a tua vida, satisfeito ou insatisfeito com aquilo que tu fazes, se calhar, sentires-te perdido faz parte da jornada da criação do teu propósito.
O que precisas de decidir agora?
Muitas vezes criamos a ilusão de que o propósito está ligado àquilo que nós fazemos. Na verdade, o que nós fazemos é consequência daquilo que nós somos, e aquilo que nós somos é consequência daquilo que nos guia, que é o nosso propósito.
Esta insatisfação que sentes é o caminho para encontrares o teu propósito. É a tua identidade a dizer-te que não é isto que estás a viver, há algo mais.
Nunca é tarde para decidirmos quem queremos ser.
Quando tu vives o teu propósito, estás alinhado com a tua essência, com a tua alma.
E tu tens que ter uma visão para daqui a 5 anos, daqui a 10 anos, que vai estar alinhada com tudo isso.
É esta visão que te vai direcionar, que te vai trazer a intenção naquilo tudo que tu fazes.
Para isso tens que chamar a ti a responsabilidade, e isto tem a ver com criar o teu propósito, e não encontrar o teu propósito.
E por isso vou-te deixar com estas questões para que tu possas criar o teu propósito:
- Quem és?
- O que vieste aqui fazer?
- O que vais cá deixar?
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