Podemos dizer que a Desilusão e a Rejeição estão interligadas.
Quando falamos de Desilusão, estamos a falar sobre uma emoção. Essa emoção acontece quando esperamos por algo que não se realiza, ou seja, quando a expetativa não está de acordo com a realidade.
Importa lembrar que as emoções são apenas sinais para a ação. É como se eu estivesse a conduzir o meu carro e surgisse uma luz no painel a avisar-me para algo que vai acontecer. E muitos de nós não estamos treinados para utilizar esses sinais a nosso favor.
E o sinal da Desilusão, ou seja, a mensagem que essa emoção quer passar, é para que façamos um ajuste no objetivo. Até porque há uma diferença entre expetativa e objetivo. O objetivo é quando tu assumes a responsabilidade em fazer acontecer, já a expetativa é algo que tu esperas que aconteça, o que é completamente diferente.
A Desilusão é um convite para que tu reavalies o objetivo, e tomes consciência da expetativa que tu mesmo criaste. Se calhar, tu esperaste um determinado comportamento de alguém e esse alguém agiu de forma diferente do que tu esperavas.
Ao tomar consciência disso, percebemos que a Desilusão, como qualquer emoção, não é algo negativo, e sim um sinal de alerta positivo que nos dá o poder de agir. E isso é uma escolha nossa. Qualquer emoção tem uma intenção positiva.
De certa forma, a Rejeição tem a ver com a emoção da Desilusão.
Tu já te sentiste desiludido?
Posso apostar que sim.
A Rejeição faz parte da nossa vida. E de alguma forma, é a junção da Desilusão e da Frustração. Enquanto a Desilusão está ligada a uma expetativa criada que não se concretizou, e portanto é um sinal para reavaliar o objetivo, a Frustração é uma emoção que surje quando estamos a realizar algo que não está a resultar, e para que resulte, devemos mudar a estratégia.
Quando tu sentes a Rejeição, é quando tu crias uma expetativa sobre os outros, no sentido dessas pessoas te entenderem e aceitarem. É como se houvesse uma necessidade de aceitação e entendimento para com os outros.
Tu já te sentiste rejeitado por ti próprio?
Também posso apostar que sim.
Quando tu não aceitas os teus erros, as tuas falhas ou por algum motivo queres ser diferente, tu não aceitas verdadeiramente quem és. E isso tem a ver com a Rejeição.
A Rejeição tem a ver, acima de tudo, com a nossa capacidade de aceitar. Aceitar principalmente que nem todas as pessoas têm que nos aceitar, entender e gostar de nós.
O problema não é as outras pessoas não nos entenderem e não nos aceitarem, ou não gostarem de nós…
O problema é a relação que criamos de nos “auto-gostarmos”, com o outro também gostar de nós, como se o outro fosse um espelho nosso. Se o outro não gosta de nós, nós também não gostamos de nós, como se existisse algo de errado connosco.
Ou seja, nós chamamos a nós a causa da Rejeição.
Agora, pensa comigo…
Se tu estás a beber um chá verde e não gostas do sabor desse chá, isso tem a ver com a tua percepção do gosto do chá verde, ou com o chá em si?
Ora, é apenas a tua percepção sobre o sabor do chá verde!
O chá verde por acaso deixará de existir só pela tua percepção pessoal, ou vai deixar de agradar a outros paladares?
Certamente que não!
Então, quando nos sentimos rejeitados, isso pode ser tão normal quanto nos sentirmos queridos pelos outros. É apenas e só, uma percepção do outro em relação a nós mesmos.
E esse sentimento é normal, pois todos nós temos uma necessidade natural de conexão com o outro. Mas a tua maior necessidade, tem que ser a de estares conectado a ti próprio. E para isso, tu precisas de te aceitar como és.
Como podes exigir ser aceite e não ser rejeitado, quando tu mesmo não te aceitas e não gostas de ti?
E eu posso afirmar que isso é uma questão de treino.
Em primeiro lugar, tens que ter a consciência de que a rejeição não tem a ver contigo, tem a ver com o outro, e aceitares que vai ser assim e que isso é um convite para o treino para a ressignificação. E se calhar, um convite para tomares consciência de algo que possas desenvolver em ti.
Ao olhar para a Rejeição dessa forma, passa a ser uma dádiva, uma oportunidade para o teu próprio crescimento.
A transformação ocorre quando trazemos para o visível algo que até então não era visível, é quando tomamos consciência sobre algo. É sobretudo quando vemos onde nós estamos e onde queremos chegar.
O que te limita é a velocidade e a rapidez que tu, inconscientemente, queres que essa transformaçao aconteça.
É como se tivesses essa necessidade de aceitação e no final deste texto, já não a tivesses. E isso não acontece, pois tudo é um questão de treino.
O que nos limita, é a rapidez com que queremos o resultado.
Tu podes tomar consciência, mas a mudança tem o seu tempo para acontecer, pois depende das tuas ações e da consistência do treino. E a consistência vem com a disciplina.
São os pequeninos passos que fazem a diferença.
Agora que tens esse conhecimento, responde:
– O que tens que aceitar em ti mesmo?
– O que tens que acreditar sobre a tua própria necessidade de ser aceite?
– O que tens que acreditar sobre a rejeição e o que isso tem a ver contigo?
– O que tens que fazer diferente?
– Quem precisas de te tornar?
Olha para essa rejeição, e vê o que só depende de ti mesmo para te tornares na pessoa que precisas de ser, para te aceitares ainda mais.
Se olhares dessa forma, a Rejeição é um convite e uma dádiva para que tu possas mudar algo e te transformares na tua melhor versão.
De que estás à espera?