Embora o caminho possa ser complexo, a resposta é simples: HÁBITOS.
Um hábito é um comportamento repetido o número suficiente de vezes para se tornar automático. Isto significa que primeiro temos de elevar o nosso nível de consciência, para que depois possamos aumentar o nosso nível de competência.
A melhor forma de percebermos como funciona o processo de automação de um comportamento, até que ele se torne um hábito, é perceber o Ciclo da Excelência, onde podemos ver os quatro Patamares da Competência, o Inconsciente Incompetente, o Consciente Incompetente, o Consciente Competente e o Inconsciente Competente.
O Ciclo da Excelência é uma metodologia da Programação Neurolinguística (PNL) que é uma abordagem pseudocientífica que visa aproximar a comunicação, o desenvolvimento pessoal e a psicoterapia.
A PNL defende que o processo de aprendizagem para se adquirir uma determinada habilidade, está dividido em quatro estados, que podemos designar como: quatro estados da competência, quatro estados da aprendizagem ou quatro patamares do conhecimento. Em seguida vou-te falar mais em detalhe sobre cada um destes 4 patamares do Conhecimento.
4 PATAMARES DO CONHECIMENTO
INCONSCIENTE INCOMPETENTE
Neste primeiro patamar, nós não sabemos fazer alguma coisa e nem sequer percebemos, ainda, que não a sabemos fazer. É o chamado: “Não Sei que Não Sei”.
É quando desconhecemos a existência de uma determinada habilidade. Como quando somos pequenos e os nossos pais nos ensinaram algo pela primeira vez e tudo aquilo era novo para nós. Porque como tínhamos alguém que fazia aquilo por nós, nem sabíamos que habilidade era aquela, nem tão pouco como executá-la. Este patamar significa que não possuímos determinada competência, porque nem sequer temos consciência sobre ela.
CONSCIENTE INCOMPETENTE
Atingimos este segundo patamar, quando passamos a ter a consciência de que existe uma habilidade que ainda não possuímos. É quando: “Eu Sei que Não Sei”.
Somos capazes de identificar algo e reconhecer para nós próprios que não sabemos como fazê-lo. Um dos exemplos mais fáceis para ilustrar este patamar, é quando entramos para a escola ou escolhemos entrar num determinado curso. Existe a consciência que há habilidades nas quais não somos competentes, então damos o passo para criar competências.
CONSCIENTE COMPETENTE
Neste patamar já temos consciência sobre uma competência, “Eu Sei que Sei”. É quando somos bons numa determinada habilidade e no entanto, para que essa habilidade seja desempenhada, ainda precisa de foco, concentração e atenção da nossa parte. Um dos exemplos paradigmáticos, é quando temos a nossa carta de condução há pouco tempo. Adquirimos determina competência, mas ela ainda não foi repetida um número de vezes suficiente para ser dominada e deixar de requerer a nossa atenção e foco na mesma.
INCONSCIENTE COMPETENTE
Por último, este patamar representa o estágio final da aprendizagem. Atingimos este estado do “Eu Não Sei que Sei”, quando já alcançamos um nível de destreza e domínio tal de uma habilidade que a executamos de um modo natural, sem esforço, de forma automática. Se pegarmos no exemplo anterior da condução, é quando temos já tanta experiência e horas de condução, que já fazemos tudo em piloto automático, sem pensar que mudança estamos a colocar, no que preciso de reparar e o que tenho de fazer a seguir.
É neste patamar que um hábito realmente é estabelecido, quando um determinado comportamento, através da repetição, se tornou de tal forma automático, que o fazemos sem termos consciência de que o estamos de facto a fazer.
CICLO DA EXCELÊNCIA
O estado de inconsciente competente retrata a excelência numa determinada habilidade, mas apenas uma habilidade não é suficiente para produzirmos RESULTADOS LENDÁRIOS.
Entramos no ciclo da excelência quando conseguimos desenvolver novas capacidades (sejam elas mentais, físicas, emocionais ou espirituais) até um nível de excelência, de forma contínua.
Em suma, o ciclo da excelência retrata a necessidade de manter o ciclo ativo e em movimento, de maneira a aperfeiçoarmos as nossas competências até ao nível da excelência.
Para que isto aconteça, importa olhar para cada um dos fatores que são necessários para passar de um patamar para o outro:
AUTORREFLEXÃO
O ciclo da excelência começa com a autorreflexão. É ela a responsável por identificar novas habilidades a serem conquistadas. A curiosidade é um fator chave nessa etapa. Sair da zona de conforto e de medo, e experimentar coisas novas é a melhor maneira de expandir o universo da nossa consciência. A consciência precede a mudança, por isso, para que a mudança aconteça temos de elevar a nossa consciência e a autorreflexão é a melhor forma de o conseguir.
FOCO + CONHECIMENTO + PRÁTICA (TREINO)
A segunda fase do ciclo é a fase do foco e do conhecimento + prática (treino).
Nesta fase é onde devemos estar muito atentos, pois podemos cair numa das armadilhas que impede de avançar na procura pela excelência: a necessidade de certeza.
Iniciar um novo comportamento com regularidade e consistência é algo que pode trazer incerteza e desconforto. Pelo que é fundamental controlarmos a nossa necessidade de certeza em tentar controlar algo que não podemos, pois nunca o fizemos anteriormente.
O que este fator nos diz, é que depois de elevar o nosso nível de consciência, depois de saber o que não sabemos fazer, é preciso adquirir mais conhecimento e praticar para que possamos passar a saber fazer aquilo que hoje já temos consciência que não temos competência para tal. E aqui a prática, o treino, é um fator chave, pois sem ação um conhecimento é apenas informação.
O verdadeiro conhecimento é todo aquele que é realmente aplicado, que é posto em prática. É a parte teórica que conhece a ação. Não basta conhecer, é preciso aplicar! É preciso praticar. É preciso treinar. E o treino nunca acaba! O que nos leva para o próximo nível…
REPETIÇÃO
Para atingir a excelência numa única habilidade, resta apenas a fase da repetição.
Como mencionei anteriormente, um hábito é um comportamento repetido o número de vezes suficiente até se tornar automático. Portanto, podemos constatar a importância da repetição, não fosse ela “a mãe de todas as competências”.
Aqui o principal desafio, ou armadilha, para alcançar a excelência, é a pressa, ou a falta de paciência, a necessidade de querer as coisas muito rápido. Isso pode levar-nos a sentimentos como a ansiedade, a impaciência ou o excesso de autocrítica. E quando começamos a dar demasiada atenção e significado a estes sentimentos, podemos colocar em risco a repetição de um comportamento e com isso interromper o ciclo da excelência. Por consequência, não vamos alcançar um nível de verdadeira excelência na habilidade que estamos a trabalhar.
Podemos dizer que o verdadeiro segredo da excelência é a repetição exaustiva.
Vivemos num mundo cada vez mais imediatista, pelo que devemos estar alerta para não cair em todos aqueles sentimentos que falámos e interromper este ciclo. Como disse um dia Bill Gates, e mais tarde Tony Robbins repetiu, “as pessoas sobrestimam o que podem fazer num ano e subestimam o que podem alcançar em 10!”, portanto devemos repetir muito e ter também muita paciência.
Irão ocorrer muitos erros e é com eles que vamos aprender. Mais, eles, os erros, vão ser uma verdadeira oportunidade de evoluirmos para o próximo nível.
Devemos dar tempo suficiente para evoluirmos nas nossas competências e por conseguinte, melhorarmos a nossa identidade. Porque a verdade é que um vencedor é apenas um perdedor que tentou mais uma vez, aliás que FEZ mais uma vez e nunca desistiu e que não parou de repetir até atingir o sucesso.
SUBIDA DE NÍVEL
Quando falamos neste fator, a subida de nível, ele remete-nos para aquela velha máxima: “o difícil não é chegar ao topo, é manter-se nele”. É por isso que a última fase do ciclo da excelência se resume a descrever isso, que não devemos acomodar-nos e permanecer na nossa zona de conforto. Porque se o fizermos, iremos estagnar, parar de crescer e como o que não cresce morre, vamos acabar por “matar” a nossa excelência.
O que este fator nos diz é que, mesmo quando já atingimos a excelência numa determinada competência, podemos sempre ir para o próximo nível. Basta sair da nova zona de conforto e ousar SER mais. Precisamos de nos desafiar constantemente em nos mantermos nas Zonas de Aprendizagem e de Crescimento.
Se dominarmos uma competência, talvez esteja na hora de voltar a iniciar e ativar o ciclo para melhorar um ou outro aspecto daquela competência que ainda não sabemos, mas que no futuro pode ser um excelente complemento para elevar aquela competência para um outro nível.
Tomando como exemplo a situação da pandemia COVID-19, grande parte dos negócios não sabiam que precisavam de ter competência a nível de marketing digital. Não sabiam que não sabiam, nem que precisavam de saber, para ir para o próximo nível. Este foi um grande exemplo de uma subida de nível “forçada” pelas circunstâncias da vida.
O mais importante é saber que a excelência e a satisfação não são incompatíveis. Não precisamos de estar constantemente insatisfeitos, sedentos por querer mais. O que precisamos é mantermo-nos curiosos acerca do que podemos melhorar e elevar o nosso nível de excelência, sendo gratos e satisfeitos por aquilo que já atingimos.
Perceber isto é essencial para que possamos de facto criar HÁBITOS LENDÁRIOS.
Em jeito de conclusão, se pensarmos nos 4 patamares do conhecimento, quando repetimos um comportamento até ele se tornar automático, atingimos o patamar do inconsciente competente.
Eu sei fazer algo sem ter a consciência de que o estou a fazer. E quando isso acontece, significa que eu criei um hábito, daí até à excelência é “apenas” um passo.