Os hábitos são escolhas automáticas que influenciam as decisões conscientes que se seguem.
Sim, um hábito pode ser completado em apenas alguns segundos, mas também é capaz de definir as ações que serão tomadas nos minutos ou nas horas que se seguem.
É por isso que é importante perceber como algumas mudanças que podem parecer pequenas e pouco relevantes, com a repetição e a consistência necessárias para se tornarem num hábito, podem de facto ter um impacto muito significativo na nossa vida.
Existem várias estratégias para tornar um hábito mais fácil e simplificarmos ao máximo, tudo aquilo que pode parecer tão complexo.
A regra dos 2 minutos é uma delas.
Regra dos 2 Minutos O que esta regra diz é simples: “Quando começas um novo hábito, ele deve levar menos de dois minutos a cumprir”. Este princípio permite alimentar o pensamento de começar pequeno e depois repetir muito. E aqui quando pensamos no termo pequeno, não se trata de estabelecer comparações, pois consideramos pequeno comparado com o quê? Trata-se de simplesmente iniciar o comportamento que se transformará num hábito. E fazê-lo aplicando a regra dos dois minutos, de forma a simplificar aquilo que pode parecer complexo. Vamos ver alguns exemplos práticos de como podemos facilmente transformar qualquer hábito numa versão concentrada de dois minutos: “Ler todas as noites antes de ir dormir” torna-se “Ler uma página”. “Fazer trinta minutos de Yoga” torna-se “Estender o tapete de Yoga”. “Estudar para as aulas” torna-se “Abrir o caderno”. “Dobrar toda a roupa lavada” torna-se “Dobrar um par de meias”. “Correr cinco quilómetros” torna-se “Calçar os ténis de corrida”. A ideia é tornar o início do hábito, o mais fácil possível. Qualquer pessoa consegue meditar durante um minuto, ler uma página ou dobrar uma peça de roupa.
Repara nestes dois exemplos onde partindo da regra dos 2 minutos, progressivamente aumentamos a complexidade do comportamento:
Exemplo 1 Muito fácil: Calçar os ténis de corrida Fácil: Caminhar dez minutos Moderado: Dar dez mil passos Difícil: Correr 5 km Muito difícil: Correr uma maratona
Exemplo 2 Muito fácil: Escrever uma frase Fácil: Escrever um parágrafo Moderado: Escrever mil palavras Difícil: Escrever um artigo de cinco mil palavras Muito difícil: Escrever um livro Mas a questão não é fazer uma coisa.
A questão é dominar o início do hábito. A verdade é que um hábito tem de ser criado antes de ser melhorado. Se não formos capazes de aprender a capacidade básica de iniciar um hábito, então há poucas esperanças de que sejamos capazes de dominar os seus pormenores mais complexos. Antes de podermos otimizar é preciso standardizar.
Trata-se de primeiro ter a consistência e a prática de já fazermos, para depois melhorarmos um hábito. O grande poder desta estratégia é que ela reforça a identidade que queremos construir. Se aparecermos no ginásio cinco dias seguidos – mesmo que seja por dois minutos – estamos a dar vários votos a favor da nossa identidade.
A preocupação não é ficar em forma. A preocupação é passar a ser o tipo de pessoa que não falha um treino. Realizamos a mais pequena das ações que confirma o tipo de pessoa que queremos ser. Isto porque é melhor fazer menos do que gostaríamos, do que absolutamente nada. Quando alguém tem a identidade de alguém que não falha um treino, fica mais simples passar a treinar de 4 vezes por semana para 6, ou alterar a duração dos treinos de 30 para 45 minutos.
Às vezes, o êxito é menos sobre tornar fáceis os bons hábitos, e mais sobre tornar difíceis os maus. É uma inversão de uma das leis da Mudança de Comportamento: tornar o hábito difícil.
Uma das estratégias que podemos usar para tornar os maus hábitos mais difíceis e, consequentemente, facilitar a criação de um novo hábito, é criarmos mecanismos que fomentem o nosso compromisso.
Partilhar o que queremos fazer com outra pessoa, o que faz com que tenhamos um compromisso não apenas connosco próprios, mas também com outra pessoa, faz com que de facto queiramos atingir o resultado desejado. Outra técnica é usar a tecnologia a nosso favor. Como por exemplo, a nível de aumentar a nossa produtividade podemos usar uma aplicação para bloquear por momentos o nosso acesso às redes sociais, ou para monitorizar o tempo que passamos nelas. Ou para facilitar o nosso trabalho, podemos usar uma aplicação para apontar as nossas ideias, fazer lista de tarefas e definir os nossos compromissos, sem precisarmos da preocupação de ter uma agenda física.
No fundo, o importante é usarmos os mecanismos que temos ao nosso dispor para dificultar os maus hábitos e facilitar a criação de bons hábitos.
A melhor maneira de acabar com um mau hábito, é fazer com que ele deixe de ser prático. Aumentar tanto a resistência, que deixe de haver a hipótese de o fazer. Se temos a propensão para comer chocolate, a melhor forma de não o fazer, é não comprar chocolates para ter em casa. Se passamos demasiado tempo no telemóvel, então podemos deixar o telemóvel noutra divisão diferente, enquanto estamos a trabalhar no nosso escritório.
Estes são apenas exemplos de como podemos aplicar pequenas mudanças para dificultar a tentação de cair nos hábitos que não nos acrescentam valor e os quais queremos remover.
Ao usarmos mecanismos de compromisso, decisões estratégicas únicas e a tecnologia, podemos criar um ambiente de inevitabilidade – um espaço onde os bons hábitos não são apenas um resultado que desejamos, mas um resultado que está virtualmente garantido, pelo facto de ficar cada vez mais visível na nossa mente a antecipação da recompensa final ligada ao hábito que vamos criar.