A mudança dos nossos hábitos faz parte de um processo, que não acontece da noite para o dia. Eu não consigo dizer com precisão qual o momento exato em que a mudança se iniciou, mas sei que os hábitos começaram a ter maior preponderância na minha vida, há cerca de cinco anos, depois do “regresso a casa” da minha filha Nonô.
Sempre fui uma pessoa organizada, sempre gostei de programar o meu dia e a minha agenda, em relação àquilo que eu fazia, e ainda hoje o faço, em termos de coaching, palestras e apresentações. Se eu não controlar a minha agenda, se eu não for dono do meu próprio tempo, sei que a minha vida facilmente se tornará num caos. Portanto, este hábito de controlar a minha agenda, de ter presente o que está marcado, sempre fez parte da minha carreira. Hoje, com uma agenda mais preenchida, é ainda mais importante.
O hábito de acordar cedo surgiu com a minha necessidade de querer fazer mais.
Eu sempre tive o hábito de me levantar cedo, e por volta do ano de 2007, senti a necessidade de passar a dormir apenas seis horas por dia, de forma a ter mais tempo para poder fazer ainda mais. O mecanismo da minha mudança foi, como é habitual na minha vida, a dor. Foi ela que me levou a ter consciência de que eu não tinha tempo para fazer tudo o que eu de facto queria fazer. O segundo motivo foi a rentabilização desse tempo. Tomei consciência de que se eu dormisse menos duas horas, ou seja, ao invés de dormir oito horas, dormisse seis, eu teria mais três meses por ano para trabalhar, para estudar, para treinar, para fazer o que quer que fosse que eu quisesse fazer com essas duas horas a mais de atividade no meu dia.
Em termos do hábito de acordar cedo, o fator de mudança foi eu perceber a vantagem que isso me trazia em termos de produtividade e rentabilização do meu tempo.
Outro hábito que acompanhou esta mudança foi a leitura. O facto de eu ler de manhã, traz-me clareza e também é um tempo de total foco e atenção, onde não há invasão desse mesmo tempo. E eu consigo rentabilizar esse tempo e ler vinte a trinta minutos, sem ser incomodado.
Todo o conjunto dos outros hábitos que eu tenho neste momento, como as afirmações, o diário da gratidão, a meditação, foram todos surgindo com esta primeira mudança: a de acordar mais cedo. Os hábitos foram sendo criados e ajustados ao longo do tempo conforme a minha disponibilidade e também com aquilo que eu fui percepcionando que fazia mais sentido para mim naquele momento. Houve momentos em que eu estava mais focado na meditação e no exercício de gratidão, noutros em que a produtividade era uma prioridade, dava maior primazia ao planeamento, às afirmações e às intenções do dia, pois naquele momento eram os que faziam mais sentido para mim.
Quando falamos de hábitos, importa ter uma certa flexibilidade quanto aos hábitos que queremos implementar para o nosso dia e também qual é o momento em que estamos.
Em determinado momento pode ser que faça mais sentido ter mais foco num determinado hábito do que noutro. E quando as circunstâncias mudam, essa decisão também pode mudar.
Aquilo que os hábitos me trouxeram em termos de transformação foi, sobretudo, uma maior clareza relativamente a, para onde é que o meu tempo estava a ir. Fez-me perceber também aquilo que era verdadeiramente importante para mim e o que eu tinha que ajustar e alterar para atribuir essa importância: ter mais tempo e ser mais produtivo. Ao ter este momento do dia só para mim, isto reforça muito o meu foco e a minha direção. Mais do que a ação é o foco, é saber para onde eu estou a ir e se estou a ir na direção certa ou não.
Criação de Novos Hábitos
De forma muita prática, podemos dizer que a criação de novos hábitos está diretamente ligada com a nossa capacidade de executar cada uma das 4 Leis da Mudança de Comportamento, que estão também interligadas com cada estágio do ciclo do hábito.
Primeiro temos de nos render às evidências, ou seja, tornar um hábito evidente e tornar fácil o acesso ao estímulo que irá dar origem a esse novo hábito.
Em segundo, devemos tornar esse hábito num desejo atrativo, os benefícios e as vantagens que esse novo hábito nos oferece, devem ser de tal grandeza que temos uma grande vontade e desejo de resolver um problema com uma nova solução que se chama hábito, o que nos faz entrar em ação.
Em terceiro e já na fase da solução, da ação, temos de simplificar o que é complexo, ou seja, para dar uma melhor resposta, temos de tornar esse hábito mais simples, que as nossas ações sejam mais fáceis de executar e não que sejam demasiado complexas e árduas que nos façam desistir a meio do processo de criação de um hábito.
E por último, a recompensa, sermos capazes de apreciar a gratificação. Se a repetição, que é a mãe de todas as competências, nos permite chegar ao último patamar de um hábito, o apreço é verdadeiramente importante. Pois só quando sabemos apreciar a grande gratificação que é termos mudado a nossa identidade, e tudo o que fez parte disso, através da implementação de novos hábitos, é que completamos todo o ciclo e somos capazes de integrar hábitos sustentáveis coerentes com a nossa identidade.
Agora é contigo. Cria a tua história de mudança e transformação de hábitos e partilha-a comigo. Estamos combinados? Fico à espera!…