O senso comum defende que a motivação é o elemento-chave para mudar hábitos. Talvez sejamos capazes, se o quisermos realmente. Mas a verdade é que a nossa motivação real é sermos preguiçosos e fazermos o que é mais cómodo. O nosso estado natural é querer ficar na zona de conforto.
A motivação pode ser aquilo que nos faz querer iniciar um hábito, mas não é aquilo que nos faz continuar e ter a consistência necessária para criar esse hábito.
Até porque, se pensarmos bem, a motivação é algo extremamente volátil e se queremos construir algo sólido com base em algo que não é estável, que condições realmente reunimos para ter a disciplina e a consistência necessárias para criar um hábito?
Acreditar que a motivação é o elemento chave para criar um hábito é como construir uma casa sobre areia, mais tarde ou mais cedo as coisas vão ruir, pois não existe a base sólida que faz com que a estrutura se mantenha de pé! O nosso corpo está desenhado de forma a poupar a nossa energia, pois ela é para nós um bem muito precioso. Por isso, o nosso cérebro está programado para conservá-la sempre que possível.
É da natureza humana seguir a “Lei do Menor Esforço”, que afirma que, perante duas opções semelhantes, as pessoas tendem a gravitar naturalmente para a que lhes exige menos trabalho. Todas as ações exigem uma determinada quantidade de energia. Quanto maior for a energia necessária, menos provável é que aconteça. E quanto menor for a energia de que um hábito necessita, mais provável é que ele se crie.
Perante duas situações, onde uma exige mais energia do que outra, iremos escolher sempre a que exige menos. Até porque se pensarmos, é isso que um hábito proporciona, o uso de energia de forma eficiente.
Onde já não precisamos de ter consciência e elaborar um raciocínio sobre determinado comportamento, simplesmente fazemos, pois já é automático em nós. Os hábitos representam soluções para problemas persistentes, na realidade também podemos dizer até a nível energético, que os hábitos são os obstáculos que nos separam daquilo que realmente queremos atingir. Fazer dieta é um obstáculo no caminho de ficarmos em forma.
Estudar é um obstáculo para concluir um curso. A criação de hábitos é como que o ultrapassar de uma barreira que separa onde estamos agora, para onde queremos ir. Adquirir um hábito, é o que nos permite evoluir do nosso estado atual para o nosso estado desejado. Porque na verdade o que queremos não é o hábito em si! O que realmente queremos, é o resultado que ele nos proporciona. Ninguém acorda a querer ter hábitos de uma vida saudável, o que queremos é ter uma vida saudável e tudo o que isso representa para a nossa qualidade de vida.
Portanto, quanto mais difícil é o hábito, maior é a resistência e o obstáculo que existe entre nós e o estado que desejamos alcançar.
É por isso que é fundamental tornarmos os hábitos mais fáceis, mais simples, de maneira a que os realizemos mesmo quando não temos vontade, mesmo quando nos falta a motivação. Ao sermos capazes de tornar mais cómodos os nossos hábitos, aumentamos a probabilidade de prosseguirmos com eles.
Quanto menos resistência enfrentarmos, quanto menor for a força que precisamos de exercer para quebrar a nossa inércia em agir, mais fácil se desenvolve a nossa disciplina para fazer exatamente aquilo que é necessário fazer.
Quando falamos em simplificar o que é complexo e tornar um hábito mais fácil, isso não significa que, por magia, todas as coisas passem a ser fáceis. A ideia é torná-lo mais fácil e simplificar as coisas neste momento, para começarmos de facto a fazer o que deve ser feito, para que a longo prazo os nossos esforços valham a pena.
E depois de estar criado o hábito de fazer, depois de estar feito, é hora de procurar o perfeito, ou seja, a parte da melhoria contínua, onde depois de criado um hábito vamos entender de que forma o podemos melhorar. Por isso…
Não procures motivação. Procura, cria disciplina!